A História dos
Videogames - Parte 30
SETEMBRO DE 1993 -
SURGE A 3DO COMPANY E SEU "PROJETO
REVOLUCIONÁRIO"
Uma idéia
inusitada surgia na cabeça de Trip Hawkins,
fundador e presidente da produtora Electronic
Arts, que até então era consagrada pelos seus
belos jogos de esporte para o Sega Genesis.
Hawkins, um homem visionário e excelente
administrador, resolveu fazer algo que poderia
mudar o rumo da indústria de jogos: criar um padrão
de hardware único, semelhante ao que a JVC tinha
proposto com os vídeos VHS. Resolveu então
arrumar alguns parceiros para sustentar sua idéia
e fundou a 3DO Company, uma joint venture entre 7
empresas de grande porte: Matsushita, AT&T,
Time Warner, MCA, Electronic Arts, Kleiner Perkins
Caufield & Byers e New Technologies Group (NTG).
|
Trip
Hawkins, o homem por trás da idéia.
Também eleito como uma das 50 pessoas
mais bonitas do mundo em 1995 (hmpf!).
|
Como a 3DO Company
ganharia dinheiro com seu console universal?
Simples, ela cobraria uma pequena "royaltie"
de cada console vendido (que era licenciado para
outros fabricantes como Panasonic e Goldstar), além
de US$ 3 por jogo.
|
|
O
logotipo da companhia e o primeiro console
produzido pela
Panasonic, o REAL FZ-1: promessa de
revolução e
padronização no mercado de games.
|
Mas Hawkins queria
mais: seu console não deveria rodar só jogos,
mas ser útil para toda a família. Desta maneira,
a 3DO company esperava lançar softwares
educativos e adultos, para capturar uma maior
fatia do mercado. Mas os jogos continuariam sendo
o foco principal do console da 3DO, que já no seu
lançamento tinha mais de 700 softhouses
licenciadas (japonesas, americanas e européias).
Tudo foi
muito bonito na teoria, mas a desastrada estratégia
de vender o console por US$ 700 (seria este o
número da sorte de Hawkins?) acabou com os
planos da 3DO Company: o consumidor não estava a fim de
pagar esta pequena fortuna por um videogame de
luxo. Como a base instalada do 3DO
nunca foi muito grande, os jogos de peso
anunciados pela Konami e outras produtoras famosas jamais chegaram a se materializar.
Destas 700 softhouses anunciadas, apenas umas 50 apostaram
suas fichas nos primeiros meses do 3DO.
O resto abandonou o barco antes que fosse tarde
demais...
Sobraram então,
principalmente, os jogos da EA (acionista da 3DO
Company), Capcom (com Street Fighter) e da Crystal
Dynamics para tentar preencher o vazio do console:
|
|
Cannon
Fodder, originário do AMIGA, também
foi
convertido para o 3DO pela Sensible
Software. O
jogo, muito divertido, não estava a par
das poderosas
capacidades gráficas do console, mas
cumpria o
seu papel de entreter o jogador por horas
a fio. |
A
lagartixa Gex foi uma tentativa de se
estabelecer um
mascote para competir com Sonic e Mario.
Gex era
carismático e o jogo apresentava uma boa
jogabilidade.
Fez muito sucesso no 3DO, e logo depois
foi
convertido
para outros formatos. |
|
|
A
série Alone in the Dark, da Infogrames,
também se fez presente, com o lançamento
dos episódios I e II. |
|
|
O
espetacular Another World sofreu uma
recauchutagem dos gráficos em sua versão
3DO. |
Sua
continuação, Flashback, também apareceu
no
console, e foi muito bem recebida. |
|
|
PGA
Tour 96 era um bom Golfe da Electronic
Arts. |
Theme
Park, o clássico simulador de
parques. |
|
|
Na
falta de bons jogos, até o velho Wolf 3D
esteve
presente na jogoteca do 3DO. |
E,
é claro, um Doomzinho básico não
poderia faltar
aos usuários do console. |
|
|
2
jogos indispensáveis para o 3DO: Fifa
International Soccer (a primeira versão
em 3D lançada) e The
Need for Speed. Os 2 franchises até hoje
rendem milhões de dólares para a EA e
são bastante populares. |
|
|
Road
Rash 3DO, outro clássico da EA para o
sistema. |
E
Killing Time, da Studio 3DO. |
|
|
Space
Hulk, um jogo de tiro e estratégia bem
bacana. |
E
o famoso Rebel Assault, com sua
jogabilidade
inversamente proporcional à sua
popularidade. |
|
|
O
velho e bom Street Fighter II também
esteve
presente no rol de celebridades do
3DO. |
E
nosso combalido amigo Mark Hamill,
emprestando
sua fama para Wing Commander 3: Heart of
Tiger. |
|
|
A japonesa
SNK também lançou um clássico seu para
o 3DO:
Samurai Spirits. Nem só de veículos
automotores e aliens
vivia o console. |
Super
Models, da Vivid Interactive, trazia algumas
beldades em
trajes íntimos para
os
marmanjos mais entusiasmados. |
Em matéria de
acessórios, o 3DO não ostentou
nada importante. Um cartucho MPEG para ver filmes
foi produzido, juntamente com outros badulaques
como controles, manches e volantes. Um modem
chegou a ser anunciado pela AT&T, mas foi
cancelado posteriormente. A Creative Labs, mais
conhecida pelas placas Sound Blaster, chegou a lançar
uma placa para PC que emulava o hardware do 3DO.
E o cartão de memória só ficou mesmo na fase de
protótipo.
No fim da vida, um "add on" para
transformá-lo em um console de 64 bits chegou a
ser cogitado pela 3DO; bem como planos para um
novo console (o M2). A Matsushita
gastou US$ 100 milhões na compra da tecnologia M2,
que foi apresentada em uma feira no Japão mas
nunca se materializou em um console propriamente
dito...
|
O M2 chegou
a ser mostrado na Tokyo
Game Show, no Japão, mas se tornou
mais um "vaporware" anunciado
pela
indústria de jogos. Acima, os diversos
protótipos já mostrados do
console.
|
É, já dava para
perceber que o sonho de Trip Hawkings estava fadado ao fracasso, e nem mesmo
uma redução de preço brutal foi capaz de elevá-lo
ao status de um SNES, Genesis
ou mesmo o Atari 2600. O maior mérito
do 3DO foi o de ter sido o
primeiro console de 32 bits da história, já
que o AMIGA CD32 era baseado em
um computador já existente. Hoje, a 3DO Company
ainda existe, mas é especializada em produzir
apenas jogos para PC e consoles. Hardware, nunca
mais!
|