Asteroids (Atari, 1979 - Arcade)

A PATERNIDADE É REVELADA

De um momento inspirado do designer da Atari, Lyle Rains, surgiu Asteroids, quando sugeriu ao seu colega Ed Logg o fato de que talvez os jogadores apreciassem atirar em grandes pedregulhos, destruindo-os em pedaços menores. "Acho que a forma como descrevo melhor o caso, é dizendo que sou o pai de Asteroids", vangloria-se Rains... "E Ed Logg é a mãe", completa, "porque ele teve que gerar o jogo por nove meses e entregar o produto acabado. Tudo que eu tive que fazer foi providenciar a semente".

Asteroids foi lançado nos arcades americanos no ano de 1979, e obteve sucesso imediato de público e crítica. Capturando a imaginação de milhões de jogadores pelo mundo afora, tornou-se um dos jogos mais famosos da história. E um dos melhores, com certeza. Asteroids é uma obra prima do videogame.

A MECÂNICA DE NEWTON NO ESPAÇO

O jogo faz uso de um recurso muito usado na época: o prolongamento da ação do jogo, atravessando a tela de um lado para o outro. Tanto os asteróides quanto a nave tiram proveito do "efeito rolo". Mesmo os disparos atravessam a tela, até se extinguirem no vazio...

Toda elegância de uma máquina de Asteroids pra você.

Já um item inédito nos jogos de fliperama, inaugura a febre dos recordes da jogatina eletrônica: o High Score. Asteroids é que permitiu aos jogadores, pela primeira vez, registrarem suas façanhas na galeria dos recordes de seu fliper predileto, e abraçar as suas glórias (ao menos até a noite, quando a máquina era retirada da tomada).

Asteroids preenche a fantasia de flutuar no espaço sem gravidade, com elegantes movimentos da nave, que aciona um jato hiper propulsor na traseira. E o simples fato de que ela continua se movendo após interromper a propulsão, nos dá um vislumbre sutil da aplicação das leis da mecânica newtoniana dos atuais vôos espaciais. Pilotar esse foguete em tão sofisticada física, é uma das sensações impagáveis de quem teve vida digital ativa, no início dos anos 80. 

AS METÁFORAS DE ASTEROIDS

Um bom índice do potencial de sucesso de um jogo é o quanto ele era popular nos laboratórios da Atari. No caso de Asteroids, os relatos apontam que o desenvolvimento do programa chegava a ser prejudicado, pois todo mundo queria jogar, e de fato as pessoas jogavam o tempo todo.

O mais interessante são os relatos dos diversos desenvolvedores. Sobre a popularidade do jogo, o programador Steve Calfee diz: "Muitas pessoas realmente adoraram Asteroids. De certa forma, há algo curioso nas pessoas: elas gostam de purificar seus espaços. E em Asteroids é muito fácil consumar essa necessidade, quebrando as pedras grandes em rochas menores, eliminando as pequenas em seguida. É como uma metáfora para a vida".

Asteroids e Asteroids Deluxe divertiam enquanto supriam a necessidade
 do ser humano de purificar seu espaço.

Outro depoimento que comprova isso, é a descrição de Howard Delman, que projetou a parte sonora de Asteroids: "o efeito de fundo (bum-bum-bum) tinha o significado do pulso cardíaco, e a idéia era a de que, na medida em que o jogador progredisse na partida, o som da batida se acelerava, e provocaria também o aumento das batidas do coração do jogador. Em outras palavras: stress!". 

Uau! E isso já em 1979... 

A IMPAGÁVEL JOGABILIDADE ESPACIAL

No que se refere à jogabilidade, é difícil dizer algo contra Asteroids. Como se sabe, o perigo pode vir de qualquer direção, e é iminente. Quando não houver chances de evitar uma colisão, use a tecla de espaço para teleportar a sua nave para um ponto randômico da tela (que pode até ser em cima de um asteróide, há esse risco). Esporadicamente, um disco voador invade o cinturão de asteróides, exigindo ainda mais da sua atenção. Estar no profundo vazio do espaço, cercado pela tensão do perigo constante, é uma sensação intensa, cheia de fantasia. Há só você lá, tentando sobreviver...

Na bem intencionada versão para o 2600, a equipe da Atari fez todo o possível para manter o apelo original do arcade. Mas não deu para fazer o impossível, na ocasião, e o espaço de cores ofuscantes do 8-bits não oferece lá muito tempo de jogo para os fãs.

Se você já teve Atari, certamente se lembra desta versão multicolorida do clássico Asteroids.

Rich Adam (da Atari) se recorda do seu primeiro encontro com Asteroids: "Eu nunca me esquecerei do dia em que fui ao laboratório e vi esse jogo pela primeira vez. Era como uma descarga de adrenalina... Você tem todas aquelas coisas gravitando à sua volta, e ainda assim você deve estar apto a lutar pela sobrevivência". 

EMULANDO ASTEROIDS

Jogando pelo emulador, realmente não dá para perceber qual a sensação real de pilotar uma nave no espaço, lutando sozinho para manter-se inteiro aos inúmeros asteróides. Só quem jogou Asteroids no fliperama sabe como é. Embora os gráficos cortantes da versão emulada pelo Mame estejam mais do que atuais, e seu magnífico som até audível, você não será induzido ao stress por um velho jogo da década de 70 rodando em seu computador.

Asteroids é um jogo tão revolucionário, que só nas adaptações mais recentes para o console dá para emular melhor o prazer de jogar esse jogo (ao final da matéria você poderá fazer o download de Asteroids Deluxe, que saiu nos arcades um ano após seu predecessor). Sob esse ponto de vista, a emulação garante a diversão de noviços e nostálgicos.

Se você não tem idade, ou não teve oportunidade de experimentar o Asteroids original, não se preocupe: uma coisa que não se perde nesses jogos que nunca envelhecem é a fantasia. Você superará os seus limites, e se sentirá como um herói após uma partida de Asteroids.

Faça o download de:

Emulador MAME

Asteroids (Atari, 1979)

Asteroides Deluxe (Atari, 1980)

* Para maiores instruções de como usar o Mame, clique aqui.