Xevious (Namco - 1982 - Arcade)

No Brasil, costumávamos conhecer este jogo como Columbia, nos fliperamas do início da década de 80. Reprimidos pelos anos de ditadura e reserva de informática, qualquer tecnologia um pouquinho mais sofisticada que chegava ao mercado era saudada com grande entusiasmo pelos incipientes jogadores e distribuidores de games nacionais, que tratavam de homenagear a tecnologia importada com nomes pomposos nos gabinetes das máquinas.

Quem não se lembra dos exclusivos Fantastic (Galaga), Briga de Rua (gabinete ora utilizado em Double Dragon ora em Renegade) e o nosso querido Columbia (conhecido como Xevious no resto do mundo). Talvez fosse uma homenagem tupiniquim ao ônibus espacial americano, que voou pela primeira vez em 12 de Abril de 1981 e que, no imaginário popular, estaria representado pela nave "Souvalou", criada um ano mais tarde nos estúdios da Namco do Japão para ser a protagonista desta aventura espacial.

Mas não importa. Xevious, da Namco, que foi licenciado para a Atari na América e Europa, é um dos maiores jogos de tiro daquele glorioso período para o gênero. Lançado simultaneamente em 1982 em todo o mundo, este é um dos primeiros jogos de tiro com scrolling vertical e imagens pré-renderizadas, e certamente o primeiro a fazer isso com um grau de refinamento tão intensivo. A jogabilidade dá de dez no velho River Raid da Activision.

Aqui a nave "Solvalou" também sobrevoa leitos de rios, rastreia mares, estradas, florestas; clareiras repletas de inimigos no solo e estradas de chão por onde passam tanques e canhões. O objetivo básico é acumular pontos, destruindo os inimigos, para ganhar mais vidas e evoluir nas imensas fases do jogo. São vários os mapas desenhados, cada um para uma fase, por onde nosso foguete armado com canhões laser e bombas terrestres enfrenta toda sorte de objetos voadores não identificados e inimigos terrestres muito menos.

BOMBARDEIRO FUTURISTA NAS ALTURAS

Aqueles que participam do amor aos jogos de nave e tiro não devem se esquecer do tema musical de Xevious, reproduzido sempre no intervalo de uma vida e outra. Essa mesma musiquinha bacaninha era tão popular, que chegou a ser utilizada como tema de um programa de TV americano. Os sons e a música "in game" também eram memoráveis. 

O conjunto gráfico de Xevious (que significa algo como o "planeta após" a invasão extraterrestre) também chama atenção. Com as limitações tecnológicas da época, as matas fechadas de coníferas aparentam um papel de parede de gosto duvidoso, de textura verde musgo. Porém, nota-se como o visual é bem fechado e definido. Os inimigos são variações geométricas do mesmo material metálico usado pelos Ets.

Existem diversos tipos de espaçonaves inimigas. Umas foram visivelmente baseadas nos modelos de Guerra nas Estrelas. Como tie-fighters que rasgam os céus feito um parafuso, e réplicas parecidas com a Millenium Falcon. Outras são anéis gravitacionais do mais puro aço carbono. Um ou outro elemento terrestre quebra a sensação de que os aliens são esferas, pirâmides e hexágonos herméticos. Mas são essas armas geométricas as mais saborosas de se destruir, sob o som do disparo das bombas.

E é aí onde a jogabilidade de Xevious apresenta um grande avanço. Dividindo sua atenção entre o combate aéreo e no solo, o jogador sente realmente o domínio do bombardeiro futurista nas alturas. Com uma mira fixa localizada na dianteira da nave, ela lança bombas terrestres para destruir os tanques, redomas de artilharia, e as formações orgânicas dos aliens invasores. Conforme a história de Xevious (história que deu ao jogo o status de clássico eterno no Japão), a raça humana precisa revidar e combater o computador biológico GUMP, que gera seu próprio armamento bélico.

Na medida em que o jogador adquire excelência nos controles de sua nave e começa a se sair bem demais com um determinado tipo de inimigo, o grau de dificuldade do jogo aumenta, enviando na próxima onda de ataque um tipo mais perigoso para lhe causar problemas. O jogo é adaptável de uma maneira tão fluida, que é como se a base altamente armada dos aliens estivesse pedindo reforços. Essa é uma grande sacada de Xevious. O grau de desafio é magistral.

SUPER?

Super Xevious, lançado 2 anos mais tarde, é uma semi-continuação do clássico original, com o intuito apenas de faturar em cima da popularidade de Xevious. Ele não traz nada de novo, além de uma dificuldade aumentada e alguns novos inimigos.

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