Finalmente lançado nesta quinta-feira, 20 de março, Assassin’s Creed Shadows continua assombrando os executivos da Ubisoft por conta de sua representação polêmica do Japão feudal. Esta semana, o jogo virou assunto até na Dieta japonesa, o parlamento do país, e as críticas a ele se misturaram com outros casos de desrespeito à cultura japonesa que têm acontecido nos últimos anos.
As críticas a Assassin’s Creed Shadows vão além da bizarra escolha de um samurai africano como protagonista – em nome da diversidade e inclusão –, e envolvem também a representação não autorizada de um santuário xintoísta no jogo e a possível destruição de locais sagrados.
Hiroyuki Kada, um membro da Câmara dos Conselheiros, denunciou em uma sessão parlamentar o uso não autorizado do santuário Itatehyōzu em Assassin’s Creed Shadows e a possibilidade de cometer vários abusos dentro dos locais sagrados do jogo. Ele também traçou um paralelo entre essa representação e o comportamento incivilizado de alguns turistas, como uma influenciadora chilena que fez flexões em um torii e um americano que vandalizou o santuário Meiji Jingu em Tóquio.
“Estou preocupado que permitir que os jogadores ataquem e destruam locais reais no jogo sem permissão irá encorajar comportamento semelhante na vida real. Autoridades do santuário e moradores locais também estão preocupados com a situação. É claro que a liberdade de expressão deve ser respeitada, mas atos que denigrem as culturas locais devem ser evitados”.
O debate envolveu até o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, que respondeu ao discurso de Kada, abordando a questão nestes termos:
“Precisamos discutir como abordar essa questão legalmente com o Ministério da Economia, Comércio e Indústria, o Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia e o Ministério das Relações Exteriores… Desfigurar um santuário está fora de questão; é um insulto à própria nação. Quando as Forças de Autodefesa foram enviadas para Samawah, no Iraque, garantimos que eles estudassem os costumes islâmicos de antemão. O respeito à cultura e à religião de um país é fundamental, e devemos deixar claro que não aceitaremos ações que as desrespeitem”.
Polêmicas legítimas à parte, levar um jogo como Assassin’s Creed Shadows ao debate no parlamento japonês pode também ser oportunismo político, dado que Hiroyuki Kada teve sua popularidade prejudicada por suas supostas ligações com a seita Moon, e agora parece ver no “caso Ubisoft” uma oportunidade para restaurar sua imagem entre os eleitores conservadores. Quanto ao Primeiro-Ministro Ishiba, ele próprio está envolvido em vários escândalos, incluindo um caso envolvendo vales-presente generosos que teriam sido distribuídos a parlamentares de seu partido.
Apesar das polêmicas, Assassin’s Creed Shadows já ocupa o 8º lugar em vendas no Steam no Japão, antes mesmo de seu lançamento oficial. Isso mostra que, embora as controvérsias possam causar tensão política, elas não parecem afetar negativamente o desempenho comercial do jogo.
Curiosamente, Ghost of Tsushima, jogo da Sony com tema muito parecido, teve uma recepção completamente diferente, e que os criadores do jogo foram até nomeados Embaixadores da ilha.
弥助問題688
アサクリシャドウズ問題、まさかの石破首相が答弁。
参議院予算委員会で加田議員が質問。「ゲーム、SNSにおいて他文化を軽んじる行為、それに伴う観光公害について」
石破首相「泣き寝入りはしない、日本国民としてこういうことは許さないということも発信をしていくことは極めて重要」 pic.twitter.com/DYcDZJifzt— geroppa (@happa23232) March 19, 2025