Um jogo independente que romantiza a imigração ilegal aos Estados Unidos tem causado controvérsia após a exibição de um novo trailer na feira Gamescom, na semana passada.
Take Us North, desenvolvido pelo estúdio Anima Interactive, surgiu com a proposta de retratar a jornada de migrantes que atravessam ilegalmente a fronteira entre México e Estados Unidos. Misturando narrativa interativa e elementos de sobrevivência, o título coloca o jogador no papel de um “coyote” – pessoa que guia grupos através da travessia clandestina no deserto de Sonora.
A criadora, Karla Reyes, defende que a intenção é “humanizar” a experiência e dar voz às histórias de quem passou por esse processo. O projeto foi inclusive exibido no evento Day of the Devs e inicialmente recebeu elogios por sua abordagem emocional e documental.
A situação mudou quando o trailer foi exibido na Gamescom 2025. O streamer Asmongold criticou duramente o jogo, chamando-o de “propaganda disfarçada” e não um verdadeiro produto de entretenimento. A crítica rapidamente viralizou, levando o estúdio a remover suas redes sociais, e pode respingar na Microsoft, que financia o projeto através da iniciativa ID@Xbox.
No X, Elon Musk chamou o projeto de “estranho” e questionou se a Microsoft realmente estaria dando apoio financeiro a ele.
Em sua essência, Take Us North não apenas retrata a imigração ilegal, mas a coloca em uma moldura quase heroica. Ao convidar o jogador a participar ativamente da travessia e a lidar com desafios de sobrevivência, o jogo inevitavelmente acaba por romantizar uma prática criminosa, algo que, na vida real, envolve riscos extremos, redes de tráfico humano e consequências legais sérias.
O estúdio Anima Interactive também não esconde o viés político de sua empreitada e se descreve como “uma equipe pequena, mas poderosa, de artistas, contadores de histórias e ativistas espalhados pelo mundo”.
“Nossa equipe é composta por mais de 60% de pessoas negras, indígenas e indígenas (BIPOC) e mais de 60% de mulheres/não binárias, e nosso objetivo é desafiar o status quo na indústria de jogos em geral”, diz a fundadora do estúdio.
É um casamento perfeito com o programa ID@Xbox da Microsoft, já afirma em sua missão “buscar dar suporte a desenvolvedores liderados por pessoas de comunidades negras, indígenas, latinas ou LGBTQIA+, mulheres, desenvolvedores com deficiências, desenvolvedores de mercados emergentes ou equipes com perspectivas únicas e diversas outras comunidades, removendo barreiras de longa data à entrada de criadores e normalizando histórias e personagens diversos em jogos”.