A divisão de videogames da Microsoft apresentou crescimento praticamente estagnado no último trimestre, mesmo após o enorme investimento na compra da Activision Blizzard em 2023. Segundo o relatório financeiro mais recente da empresa, o negócio de games registrou aumento de apenas 1% ano a ano na receita de conteúdo e serviços — categoria que inclui assinaturas como o Xbox Game Pass e vendas digitais — enquanto as vendas de hardware despencaram 29% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O desempenho contrasta com o restante da companhia, que segue em forte expansão impulsionada por áreas como nuvem e inteligência artificial. No caso do Xbox, porém, o resultado evidencia que a aquisição da Activision ainda não se traduziu em um impacto significativo sobre as finanças da divisão. A Microsoft atribuiu o leve crescimento em serviços principalmente a receitas provenientes de títulos de terceiros e assinaturas, mas admitiu que o avanço foi parcialmente anulado por uma queda no desempenho de jogos próprios (first-party).
A queda nas vendas de consoles foi apontada como consequência direta de uma menor demanda por hardware, em um momento em que a atual geração de consoles já se aproxima de sua fase descendente. O aumento de preços em algumas regiões e a forte concorrência da Sony também contribuíram para o recuo, que reforça a tendência de desaceleração do mercado de consoles físicos.
A situação coloca a Microsoft em um ponto delicado de sua estratégia de longo prazo para o Xbox. A empresa vem apostando em expandir o ecossistema além do console, com foco em serviços multiplataforma e no crescimento do Game Pass, mas o resultado de apenas 1% de avanço sugere que a transição ainda não ganhou a tração esperada. Mesmo com o vasto catálogo de franquias trazido pela Activision Blizzard — incluindo Call of Duty, Diablo e Overwatch — o retorno financeiro não se mostrou expressivo e os ganhos parecem estar sendo neutralizados por quedas em outras frentes.
Uma reportagem recente da Bloomberg revelou que a liderança da Microsoft impôs à divisão Xbox uma meta de margem de lucro ao redor de 30 %, muito acima da média do setor, o que teria desencadeado uma série de medidas drásticas — demissões em estúdios próprios, cancelamentos de títulos em desenvolvimento e reajustes de preços em serviços como o Game Pass — num claro sinal de que o foco agora não é só crescimento, mas rentabilidade imediata.