A Rússia decidiu bloquear o acesso ao Roblox em todo o país, sob o argumento de que a popular plataforma de criação de jogos espalha propaganda LGBT e estimula a prática de crimes violentos.
A decisão foi anunciada pela Roskomnadzor, órgão responsável por regular comunicações e internet no país, que acusa o serviço de permitir a circulação de conteúdos considerados ilegais segundo as leis russas. Entre as alegações estão “apologia do extremismo e terrorismo”, presença de jogos de azar, material violento e a suposta exibição de conteúdo associado à comunidade LGBT — temas proibidos pela legislação local mais recente.
O regulador afirma que o Roblox falhou em moderar adequadamente ambientes criados pelos próprios usuários, apesar de solicitações anteriores de ajuste. As autoridades também mencionaram relatos de assédio a menores e compartilhamento de imagens impróprias dentro da plataforma, reforçando a narrativa de que a decisão seria motivada pela proteção infantil. Com isso, milhões de jogadores russos perderam acesso instantâneo ao serviço, sem prazo definido para qualquer possível reversão.
A Roblox Corporation respondeu ressaltando que o ambiente foi projetado para ser seguro e educativo, citando o uso de equipes especializadas e sistemas de IA para moderação contínua. A empresa afirma colaborar com órgãos de segurança e manter políticas rígidas para proteger crianças e adolescentes, mas reconhece que o ecossistema aberto — onde qualquer usuário pode criar e publicar jogos — sempre exige monitoramento constante.
O bloqueio coloca a Rússia ao lado de países como Turquia, Irã e Iraque, que também já restringiram o Roblox por motivos semelhantes. A medida evidencia um cenário mais amplo: governos autoritários estão intensificando o controle sobre plataformas estrangeiras, especialmente aquelas que permitem criação de conteúdo pelas próprias comunidades.
A agência Roskomnadzor tem um longo histórico de bloqueio de acesso a plataformas de mídia e tecnologia ocidentais que considera hospedarem conteúdo que viola as leis russas.
Em 2023, a Rússia designou o que chamou de “movimento LGBT internacional” como extremista e seus apoiadores como terroristas, abrindo caminho para uma censura mais ampla ao tema no país. Como consequência desta nova regulação, o o aplicativo Duolingo foi forçado no ano passado a remover referências a “relações sexuais não tradicionais”.
A interferência do Roskomnadzor não se limitou a conteúdos LGBT e o órgão também restringiu chamadas no WhatsApp e no próprio Telegram, um aplicativo Russo, acusando as plataformas de se recusarem a compartilhar informações com as autoridades policiais em casos de fraude e terrorismo.