Após amargar uma sequência de fracassos com os lançamentos de Forspoken, Babylon Fall e Final Fantasy 16 e anunciar um plano de reestruturação recebido com ceticismo, a Square Enix agora enfrenta a oposição de um dos seus maiores acionistas, que publicou um extenso documento de 100 páginas atacando a gestão da empresa e instando outros acionistas a se juntarem a eles na exigência de uma “reavaliação fundamental do plano de gestão de médio prazo”, que traga “aquela emoção” de volta.
A 3D Investment Partners, um fundo de investimento de Singapura que detém 14,6% do capital da Square Enix, é conhecida por sua postura ativista declarada, que mira em empresas consideradas de baixo desempenho para influenciar diretamente sua estratégia.
Em seu relatório, a 3D Investment Partners reitera um fato óbvio que a editora se esforça para ignorar: apesar de franquias consagradas no panteão dos jogos (Final Fantasy, Dragon Quest, Kingdom Hearts), a Square Enix vem apresentando receitas estagnadas e margens de lucro em declínio há quase três anos. A diferença em relação às suas concorrentes japonesas está aumentando, com a Capcom ostentando números impressionantes, a Konami capitalizando em suas fortes licenças, a Bandai Namco acumulando sucessos e a Nintendo permanecendo em seu universo próprio, adorada pelos japoneses e fãs antigos de Mario, Zelda e Pokémon.
O fundo singapurense identifica dois principais culpados: a erosão da divisão de consoles e dispositivos móveis, incapaz de traduzir suas licenças em sucessos consistentes, e as enormes baixas contábeis ligadas ao cancelamento de projetos, problema que se agravou na Square Enix na última década. O fluxo de lançamentos no último ano fiscal trouxe algum alento na forma dos remakes HD-2D de Dragon Quest 1, 2 e 3, mas o foco em remasterizações e remakes de IPs antigas (SaGa Frontier 2, FFT The Ivalice Chronicles, Octopath Traveler 0) é visto como improvável de resultar em crescimento significativo e restaurar o prestígio da Square Enix.
A perspectiva para 2026 não é muito diferente, já que os principais lançamentos anunciados até o momento são outro remake (Dragon Quest VII Reimagined) e um projeto que, embora interessante, está longe de ter um grande impacto (The Adventures of Elliot: The Millennium Tales).
Desde o ano passado, a Square Enix promete uma reestruturação que envolve uma estratégia “agressivamente multiplataforma” e maior cadência de lançamentos. No entanto, para a 3D Investment, o plano se assemelha mais a um slogan do que a um roteiro, devido a objetivos excessivamente modestos, uma visão vaga de recuperação a longo prazo e a falta de métricas claras para avaliar a eficácia das medidas.
O fundo afirma ter apresentado uma análise detalhada e propostas ao CEO da Square Enix, Takashi Kiryu, já em outubro. Contudo, sua resposta (um simples e-mail assegurando que tudo estava caminhando na direção certa) foi percebida como uma rejeição, o que explica essa mudança para um modo ofensivo, tornando públicas todas as críticas para mobilizar outros acionistas
“Portanto, instamos todos os acionistas da SQEX HD a lerem a Apresentação e compartilharem suas opiniões sinceras sobre a estratégia, alocação de capital, portfólio de negócios, governança, oportunidades de crescimento e outros assuntos relacionados da SQEX HD. Agradeceríamos receber o feedback do maior número possível de acionistas para que possamos transmitir suas opiniões ao Conselho de Administração da SQEX HD e ajudar a resolver seus problemas de gestão”, diz o documento da 3D Investment.