A Ubisoft divulgou os resultados financeiros do seu ano fiscal 2024-2025, revelando um cenário de queda nas receitas e prejuízo operacional, aliviado em parte por um lançamento bem sucedido de Assassin’s Creed Shadows. Apesar das dificuldades enfrentadas ao longo do ano e toda a controvérsia envolvendo o protagonista samurai africano Yasuke, o novo título da franquia trouxe algum alento com bons números de vendas e engajamentos registrados na primeira semana.
Lançado em março de 2025, Assassin’s Creed Shadows registrou a segunda maior receita de primeiro dia da franquia até hoje e se tornou o maior lançamento da história da Ubisoft na PlayStation Store em termos de vendas digitais no primeiro dia. O título também teve um desempenho inicial superior ao de Assassin’s Creed Odyssey, embora atenha perdido para Assassin’s Creed Valhalla. A Ubisoft divulgou os números exatos de vendas do jogo, mas diz que Shadows alcançou 3 milhões de jogadores no primeiro mês, contando aqueles que acessaram o jogo através do serviço de assinatura Ubisoft Plus.
Fora o sucesso isolado de Shadows, o restante do portfólio de lançamentos não obteve o mesmo impacto. Jogos como Star Wars Outlaws e Skull and Bones, anunciado há anos e finalmente lançado durante o período, não atenderam às expectativas comerciais e de crítica. Naturalmente, o mau desempenho desses jogos afetou diretamente o resultado financeiro final do ano fiscal.
A receita total da Ubisoft caiu 17,5% em relação ao ano anterior, atingindo 1,899 bilhão de euros. As reservas líquidas — métrica usada pela empresa para refletir vendas futuras e recorrentes — totalizaram 1,846 bilhão de euros, uma queda de 20,5% em comparação ao exercício anterior. Mesmo com fluxo de caixa livre positivo de 128 milhões de euros, o lucro operacional ajustado ficou negativo em 15,1 milhões de euros, e o prejuízo líquido ajustado foi de 70,7 milhões de euros.
Após a divulgação do resultado, as ações da Ubisoft despencaram mais de 18%, atingindo o menor valor em décadas.
Para enfrentar o momento delicado, a Ubisoft iniciou uma ampla reestruturação interna. Um dos principais movimentos foi a criação de uma nova subsidiária que reunirá as franquias Assassin’s Creed, Far Cry e Rainbow Six. A gigante chinesa Tencent investiu 1,16 bilhão de euros e adquiriu uma participação de 25% nessa nova entidade, o que ajudará a Ubisoft a reduzir parte de sua dívida líquida consolidada, hoje calculada em 985 milhões de euros. Além disso, a empresa também implementou cortes de custo que já ultrapassaram a meta inicial de 200 milhões de euros, com novas reduções previstas para os próximos dois anos.
A nova empresa, que assumirá as equipes da Ubisoft baseadas em Montreal, Cidade de Quebec, Sherbrooke, Saguenay, Barcelona e Sofia, será especializada na produção de jogos evergreen, ou seja, títulos projetados para durar mais e receber atualizações de conteúdo mais frequentes. Neste gênero, Assassin’s Creed Valhalla, com seu roteiro interminável de mais de dois anos, continua merecendo mais atenção da Ubisoft.
“Apoiada por maiores investimentos e pela expertise da Tencent como parceira estratégica, a nova subsidiária se concentrará no desenvolvimento de ecossistemas de marca capazes de se tornarem franquias perenes e gerar receitas anuais de mais de € 1 bilhão”, estima a Ubisoft. Os objetivos visados são:
• Melhorar a qualidade das experiências narrativas para um jogador.
• Mais recursos multijogador e atualizações de conteúdo mais frequentes.
• Melhoria significativa na criação de conteúdo aproveitando as tecnologias proprietárias da Ubisoft.
• Desenvolvimento em mercados ainda pouco explorados, como o de telefonia móvel e o da China.
Apesar das dificuldades, a empresa demonstra confiança de que Assassin’s Creed Shadows poderá sustentar o interesse dos jogadores ao longo dos próximos trimestres, enquanto aposta na reorganização e foco em suas franquias principais como caminho para uma recuperação sustentável. Para o ano fiscal de 2025-2026, a Ubisoft projeta resultados estáveis, mas sem crescimento, e prevê um fluxo de caixa negativo devido aos custos da reestruturação em curso.