A disputa judicial entre os ex-líderes da Unknown Worlds e a Krafton ganhou um novo e inesperado capítulo com a revelação de que o CEO da publisher, Kim Chang-han, teria recorrido ao ChatGPT para tentar encontrar maneiras de evitar o pagamento de um bônus milionário prometido aos desenvolvedores de Subnautica 2. Segundo documentos apresentados à Justiça, Kim buscou estratégias para escapar da cláusula de earn-out prevista no contrato de aquisição da Unknown Worlds em 2021, que poderia render aos fundadores e à equipe original até US$ 250 milhões, caso o jogo atingisse metas específicas de receita.
De acordo com a ação, Kim acreditava que havia pagado caro demais pelo Unknown Worlds e temia sofrer uma “humilhação profissional” se fosse visto internamente como alguém que simplesmente pagaria o bônus sem resistência. As conversas anexadas ao processo sugerem que ele teria usado o ChatGPT para “brainstormar” meios de contornar o contrato. A tentativa, no entanto, não teria ido muito longe: o próprio chatbot teria respondido que seria difícil anular ou evitar o pagamento, já que os termos firmados eram claros e pouco flexíveis. Ainda assim, os fundadores afirmam que essa busca por alternativas marcou o início de uma série de ações internas destinadas a minar o earn-out.
Os documentos também mencionam a existência de um “Projeto X”, uma iniciativa que teria sido criada para pressionar os fundadores a aceitar mudanças nos termos do acordo. Caso não houvesse renegociação, a Krafton estaria disposta a levar adiante uma “tomada de controle” da Unknown Worlds — algo que, segundo mensagens internas citadas no processo, teria sido considerado mais simples do que cumprir o pagamento integral do bônus acordado.
A situação se agravou quando a Krafton decidiu demitir os três principais líderes da Unknown Worlds — Charlie Cleveland, Max McGuire e Ted Gill — e, posteriormente, adiar a versão de acesso antecipado de Subnautica 2. Para os ex-executivos, esse atraso foi deliberado e calculado para impedir que o jogo alcançasse as metas necessárias para acionar o pagamento do earn-out. Eles afirmam que a estratégia minou a cultura de transparência do estúdio e gerou insegurança entre os funcionários, que teriam ficado chocados com a ruptura repentina da liderança original.
A Krafton, por sua vez, nega todas as acusações. A empresa afirma que os ex-fundadores estão tentando manipular a narrativa da disputa judicial e que não há provas das conversas com o ChatGPT porque elas “não existem mais”. Em resposta, a publisher também acusa os ex-executivos de terem apagado suas próprias conversas com IA, alegando que eles tentam construir um caso baseado em especulação. Em comunicados recentes, a Krafton afirma que os antigos líderes “abandonaram as responsabilidades que lhes foram confiadas”, e que medidas duras foram necessárias para proteger o futuro de Subnautica 2.
Apesar das negativas, o caso toca em uma questão particularmente sensível num momento em que empresas de tecnologia recorrem cada vez mais no uso de inteligência artificial para decisões estratégicas. A possibilidade de um CEO usar IA para buscar maneiras de evitar obrigações contratuais levanta preocupações éticas e pode criar um precedente incômodo para a indústria. Para os fãs de Subnautica, o litígio amplia a tensão em torno do futuro de Subnautica 2, que já enfrenta incertezas após o atraso e as mudanças abruptas em sua liderança.