Em dificuldades financeiras após o lançamento malsucedido de Tales of Kenzera: ZAU, o estúdio inglês Surgent Studios está buscando uma editora e investidores para bancar um novo projeto, descrito como um RPG “afro-gótico” inspirado pelo clássico Planescape Torment.
Apesar do fracasso comercial de Tales of Kenzera: ZAU, o chefe do estúdio, Abubakar Salim, quer ter mais uma chance e pretende criar um RPG baseado no mesmo universo do jogo de plataforma.
Em Tales of Kenzera: ZAU, os jogadores passeiam por uma megalópole afro-futurista e uma série de contos bantus onde o protagonista toma emprestados os poderes do Sol e da Lua para passar por diversas provações. Salim pretende ultrapassar os limites deste universo com Tales of Kenzera: Project Uso, que se passará algumas décadas após o primeiro episódio, apresentando como protagonista um andróide “vampírico” que abriga as almas dos falecidos, ou simplesmente uma versão de Exu, o deus do caos.
“A história (com Zau) é que, como um xamã, você está desafiando o Deus da Morte como uma forma de olhar para a ideia de lidar com a dor de forma saudável, então eu tive a ideia de e se um leitor for inspirado a desafiar a própria morte, então eles criam esse androide que é moldado para embalar os espíritos dos mortos”, explicou Salim ao site VGC.
“E se esse espírito não for um ser humano, é um Deus, Exu, o Deus do Caos, então agora você tem essas duas mentalidades em um quadro? Isso é algo que eu pensei que seria muito legal explorar”.
O líder do Surgent Studios cita como principal influência o lendário RPG Planescape: Torment do Black Isle Studios. Publicado em 1999, o RPG deixou sua marca com a história do Nameless One, um estranho protagonista imortal coberto de cicatrizes e tatuagens que são a chave para descobrir sua verdadeira identidade. Embora existam mecânicas de combate, o jogo depende quase inteiramente de seus diálogos extremamente ricos e de sua narrativa intrincada.
O Surgent Studios afirma ter desenvolvido um protótipo funcional de Tales of Kenzera: Project Uso e está em busca de um parceiro financeiro. Abubakar Salim explica que este novo projeto também se inspira na sua vida pessoal. “Projeto Uso será mais sombrio e visceral do que nosso primeiro jogo. Enquanto ZAU estava interessado em formas saudáveis de luto, USO é mais sobre o medo da morte e como esse medo pode nos consumir. A inspiração me atingiu depois que minha família nasceu. Assumindo pela primeira vez o papel de pai, sofri uma verdadeira crise de identidade”.
Caso consiga viabilizar Tales of Kenzera: Project Uso, o diretor pensa em lançá-lo a um preço baixo para “respeitar o tempo e o dinheiro dos jogadores”, seguindo a mesma proposta de Tales of Kenzera: ZAU.