O inferno astral continua para estúdio escocês Build A Rocket Boy, fundado pelo ex-produtor de Grand Theft Auto, Leslie Benzies. Após demitir mais de 250 desenvolvedores que trabalharam em MindsEye, após o lançamento desastroso do jogo, o comando do estúdio agora está sendo acusado por mais de 90 funcionários, atuais e antigos, de condições de trabalho abusivas, má gestão e um processo de demissão caótico que eles consideram ilegal.
Lançado em junho passado sob o novo selo de editora do IO Interactive, MindsEye deveria ser o primeiro marco de um projeto muito maior: Everything, um MMO ambicioso centrado em conteúdo criado por jogadores. Mas esta ambição parece fadada a um fim precoce, tamanho foi o fiasco de MindsEye.
De acordo com os signatários da carta aberta, os cortes da equipe de desenvolvimento foram mal preparados, opacos e precipitados. E agora a questão está tomando um rumo legal: o sindicato britânico IWGB (Trabalhadores Independentes da Grã-Bretanha), por meio de sua filial Game Workers, anunciou em 10 de outubro que havia entrado com várias ações judiciais contra o Build A Rocket Boy. As queixas incluem a falha em garantir consulta jurídica antes das demissões e vários casos de demissões injustas.
Em um comunicado à imprensa, o sindicato denuncia “uma série de decisões equivocadas, uma total falta de transparência e o tratamento catastrófico das demissões”. Os signatários exigem, entre outras coisas, um pedido público de desculpas da gerência, a possibilidade de os funcionários restantes saírem imediatamente com indenização, o uso de parceiros externos para quaisquer planos de demissão futuros e o reconhecimento oficial do sindicato IWGB como representante legítimo dos funcionários.
Essas demandas foram acompanhadas por uma série de depoimentos que revelam a história dos bastidores. Ben Newbon, ex-designer do estúdio, começa dizendo: “A arrogância da gerência, convencida de que pode agir impunemente, levou muitos de nós a dizer pare”. Por sua vez, Isaac Hudd, engenheiro de som de MindsEye, fala de uma cultura interna “marcada por uma lacuna entre a retórica e a realidade”: “Muitos desenvolvedores talentosos se sentiram usados e, em seguida, descartados. Declarações públicas de boa vontade não refletiam de forma alguma o que estávamos vivenciando diariamente”.
As declarações adicionam contexto ao que pareciam ser teorias da conspiração de Leslie Benzies antes e depois do lançamento do jogo. Antes, ele suspeitava que seus ex-colegas da Rockstar estavam lançando uma campanha de sabotagem contra ele e seu estúdio. Posteriormente, ele relatou que o Build a Rocket Boy estava infectado por espiões apoiados pela Rockstar, cujo objetivo era inviabilizar o projeto.
Outros funcionários relatam períodos de exaustão extrema, crises de ansiedade e até mesmo problemas de saúde física relacionados ao excesso de trabalho. Os funcionários também criticaram as declarações de Benzies sobre conspiração e sua inabilidade em assumir responsabilidades como líder da empresa. “É absurdo culpar os sabotadores. Os problemas decorreram de meses de má gestão e de um completo desrespeito ao bem-estar da equipe”, esbravejou Newbon.
We stand in solidarity with employees and ex-employees at Build a Rocket Boy as they file legal claims through our union and publish an open letter, condemning the way in which they’ve been mistreated and discarded by the studio’s millionaire executives. https://t.co/WWm4vxKEfd pic.twitter.com/bOOHaQEakQ
— IWGB Game Workers (@IWGB_GW) October 10, 2025