O designer Hideo Kojima voltou a comentar sobre Physint, o jogo já em planejamento para o PlayStation 6 que marcará a volta do designer ao gênero de espionagem e ação consagrado por Metal Gear Solid.
Falando à revista Variety, Kojima explicou que Physint será desenvolvido em parceria com profissionais de cinema da Sony Pictures e irá misturar as mídias de jogos e filmes de forma ampla, provavelmente rendendo um filme, além do jogo de PS6.
“Estou tentando fazer [Physint] com pessoas da indústria cinematográfica e de fora dos jogos”, disse Kojima. “Então, podemos fazer uma adaptação para o cinema ao mesmo tempo, mas veremos. Os ativos são digitais e podem ser usados de qualquer maneira”.
As semelhanças de Physint com um filme não se limitarão aos gráficos ultra-realistas e ao já bem conhecido estilo cinematográfico dos jogos de Kojima, mas se dará também em um nível técnico, já que a produção de filmes hoje envolve habilidades e ferramentas comuns no desenvolvimento de jogos, como o Unreal Engine.
“Antigamente, filmes e jogos eram dois mundos diferentes. Era como analógico versus digital. Não se misturava bem, como óleo e água. Hoje em dia, os filmes também são digitais, como se fossem filmados em câmeras digitais em vez de filme. As fases de pré-produção e pós-produção também são digitais. É até transmitido digitalmente. Parece haver mais compreensão nas conversas que tenho com pessoas na indústria cinematográfica. Nem sempre foi esse o caso. Agora, há filmes que usam o Unreal Engine para criar seus fundos e ambientes. Eles também usam captura de desempenho [PCap] como nós, então a tecnologia é quase a mesma até certo ponto”, comentou Kojima.
“O mesmo vale para VFX. Os filmes da Pixar, por exemplo, são totalmente digitais, então o processo deles é meio parecido com o nosso. É só uma questão de se ele se torna um filme de duas horas, um drama de TV ou um videogame interativo no final. Essa é a única diferença, então é muito parecido. Em “Death Stranding”, por exemplo, tivemos atores de Hollywood estrelando isso. Então, atores de Hollywood podem estar em jogos, e atores de jogos podem estar em filmes; acho que pode funcionar em qualquer direção mais livremente”.
Refletindo sobre sua relação com o cinema e os muitos convites que já recebeu para dirigir filmes, Kojima explicou que não teve a oportunidade de se aventurar pelo cinema ou comerciais quando era funcionário da Konami, e ao se tornar independente e criar a Kojima Productions, sua prioridade foi criar um novo jogo e uma nova marca que pudesse garantir o futuro do estúdio.
“Eu fiz jogos na Konami por 30 anos. Embora me oferecessem muito trabalho fora da empresa para filmar comerciais ou filmes ou escrever roteiros, eu não podia fazer nada disso porque eu era empregado na Konami e também era um membro do conselho. Além disso, os jogos que eu fiz não eram minha propriedade intelectual; eles pertenciam à empresa. No final de 2015, eu me tornei independente. Como eu amo filmes, eu poderia ter continuado a filmar filmes ou comerciais. Mas para a primeira fase, eu pensei nos fãs de videogame em todo o mundo que estavam esperando pelo meu próximo jogo novo, então eu decidi criar um videogame primeiro”.
A segunda fase dos planos de Kojima seria a atual, com o desenvolvimento da sequência de Death Stranding, que servirá para expandir a franquia a novas mídias, como filmes, animes e dramas de TV. Já a terceira fase envolve Physint e outros objetivos ainda abertos, com Kojima considerando criar “um jogo ou algo totalmente diferente”, sendo “digital” a palavra-chave para o futuro.