O investimento da Konami em Metal Gear Solid Delta: Snake Eater visa não apenas restaurar o clássico de Hideo Kojima para os padrões técnicos – e público – atuais, mas também preparar seus desenvolvedores para continuar o legado da série.
Durante um evento de prévia em Nova York no início deste mês, os produtores e veteranos da série, Noriaki Okamura, de 59 anos, e Yuji Korekado, de 56 anos, compartilharam com a Rolling Stone suas visões para o jogo, destacando o foco em entender as preferências dos jogadores modernos e preparar uma nova geração de criadores.
O remake de Metal Gear Solid 3, que é cronologicamente o primeiro jogo da série, apesar de ser o quinto em ordem de lançamento, busca preservar a essência do original enquanto o torna acessível para novos públicos. Korekado explicou o processo de desenvolvimento, enfatizando a importância do feedback de uma equipe mais jovem: “Uma coisa que foi realmente útil foi entender como os jogadores modernos jogam; o que os frustra, o que facilita para eles. [Nós] conseguimos obter muitos comentários de toda a equipe de desenvolvimento mais jovem. Estávamos cientes de que precisávamos manter o original. Queríamos manter a história, queríamos manter a jogabilidade o mais próxima possível do original. Eles entenderam a tarefa, e o que eles fizeram é nos ajudar a garantir que [não seja] muito estranho e ainda seja um jogo divertido e emocionante”.
Esse equilíbrio entre manter a narrativa e a jogabilidade fiéis ao original, enquanto ajustam elementos para evitar frustrações, reflete o cuidado da Konami em atender tanto os fãs de longa data quanto os novatos. Para os veteranos, Metal Gear Solid Delta promete ser uma recriação autêntica de um clássico amado. Para os mais jovens, que podem não estar familiarizados com a série, o jogo é uma porta de entrada para o universo criado por Hideo Kojima.
A decisão de investir em um remake, em vez de um título completamente novo, tem raízes práticas e sentimentais. Okamura, com franqueza, apontou a idade como um fator determinante: “É uma resposta muito em preto e branco para nós: porque estamos envelhecendo”, diz Okamura. “Temos apenas alguns anos de sobra para fazer um jogo, certo? E uma das coisas que notamos, e o que realmente iniciou esse projeto, é que começamos a ver uma enorme onda de novos jogadores que não estavam cientes ou nem sequer conheciam Metal Gear. Então pensamos: ‘Precisamos fazer algo sobre isso porque queremos continuar com o legado'”.
Além de reacender a chama da série, Metal Gear Solid Delta tem um propósito maior: treinar uma nova geração de desenvolvedores para carregar o legado de Metal Gear. Okamura destacou a inclusão de jovens talentos no projeto como uma estratégia deliberada: “Uma das razões pelas quais trouxemos muita carne fresca – todos os novos desenvolvedores mais jovens – é porque, não apenas queremos dar a eles a chance de descobrir como criar e desenvolver um Metal Gear, mas também dar a eles a chance de experimentar o jogo. E ainda estaremos aqui por um tempo, mas agora o objetivo é construir uma equipe que possa continuar o legado em nosso nome e produzir, esperançosamente no futuro, mais jogos emocionantes”.
Embora Okamura não tenha confirmado oficialmente um novo capítulo da série, suas palavras sugerem que Metal Gear Solid Delta é um campo de treinamento para uma equipe que poderá, no futuro, criar novas histórias dentro do universo Metal Gear sem a participação de Hideo Kojima. O sucesso do remake será crucial para determinar se a Konami dará luz verde a projetos originais, mas a intenção de preparar o terreno para o futuro é clara.
Enquanto a Konami pretende preservar Metal Gear, Kojima tem demonstrado esforço para se desvencilhar da série. Em uma entrevista recente ao site Ssense, o diretor de Death Stranding 2 revelou que não pretende jogar o remake do jogo de 2004 e está mais interessado em recomeçar do zero com Physint, um novo jogo de espionagem ainda em fase conceitual.