O anúncio da compra da Electronic Arts (EA) por um consórcio liderado pelo Public Investment Fund (PIF) da Arábia Saudita, ao lado dos fundos Silver Lake e Affinity Partners, por US$ 55 bilhões, trouxe confiança de que o negócio avançará sem grandes entraves regulatórios. Embora a conclusão esteja prevista apenas para o primeiro trimestre do ano fiscal de 2027, fontes próximas às negociações afirmam que a operação deve ser aprovada de forma mais célere que outras grandes fusões do setor.
Segundo o Financial Times, essa expectativa se deve, em parte, ao peso geopolítico da Arábia Saudita como aliado estratégico dos Estados Unidos e à influência direta de Jared Kushner, fundador da Affinity Partners e genro do presidente Donald Trump, que desempenhou papel central nas tratativas. Fontes ouvidas pelo jornal ressaltaram que a atual administração em Washington vê a participação saudita de maneira mais receptiva que governos anteriores, o que reduz o risco de resistência de órgãos como a Federal Trade Commission (FTC).
Além do cenário político favorável, os novos controladores da EA já indicam uma diretriz clara para aumentar a eficiência da operação: o uso intensivo de inteligência artificial (IA). A aposta é que a tecnologia seja capaz de reduzir custos operacionais e acelerar processos, apoiando o pagamento da dívida de US$ 20 bilhões contraída junto ao JPMorgan para viabilizar o negócio.
A própria EA já vinha sinalizando essa direção. Em 2024, o CEO Andrew Wilson destacou que a IA está “no coração do nosso negócio” e será fundamental para oferecer experiências inéditas e dinâmicas a milhões de jogadores. Wilson também apontou que a IA não se limita à economia de custos, mas à possibilidade de executar tarefas “mais rápido, mais barato e em maior qualidade”, reforçando a visão de que a tecnologia transformará desde o desenvolvimento de jogos até o relacionamento com os fãs.
Embora haja confiança de que o acordo avançará sem os obstáculos que marcaram a aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft, a presença do PIF segue sendo motivo de polêmica. O fundo é presidido pelo príncipe Mohammed bin Salman, frequentemente criticado por questões ligadas a direitos humanos. Além disso, parte da comunidade de jogadores manifesta receio quanto ao futuro de franquias conhecidas pela diversidade, como The Sims, Mass Effect e Apex Legends, diante do novo perfil de controle acionário.
Ainda assim, para o consórcio de investidores, a combinação entre as franquias icônicas da EA e a aplicação estratégica de IA representa uma oportunidade de elevar a produtora a um novo patamar no setor global de entretenimento.