Enquanto Dragon Age: The Veilguard virava um meme no ano passado e jogava mais uma pá de terra sobre o túmulo da franquia, o ex-produtor executivo Mark Darrah revela que a BioWare tinha esperanças de convencer a Electronic Arts a remasterizar os três primeiros jogos.
Em entrevista ao YouTuber MrMattyPlays, Darrah revelou que uma remasterização da trilogia Dragon Age — ou mesmo um remake — era um desejo da BioWare que foi levado à EA, que recebeu a ideia sem muito entusiasmo.
“Não sei por quê, mas a Electronic Arts historicamente se opõe a remasterizações — e eles até já disseram isso publicamente”, explicou Darrah, ex-produtor executivo da franquia Dragon Age, que deixou a BioWare em 2022, mas voltou como consultor contratado em Dragon Age: The Veilguard.
Embora a BioWare já tivesse trabalhado na Mass Effect Legendary Edition Enhanced Compilation, remasterizar os três primeiros Dragon Age teria sido um desafio maior do ponto de vista técnico, já que os três jogos foram desenvolvidos em “engines” diferentes e não no Unreal Engine padrão da série Mass Efect. “Se você estiver disposto a gastar dinheiro com isso, pode simplesmente recorrer a um subcontratado e eles farão a maior parte do trabalho. […] Há pessoas na BioWare que trabalharam em [Mass Effect Legendary Edition], mas não muitas”, explicou Darrah.
Dragon Age usou “engines” diferentes para cada jogo: Eclipse (Dragon Age: Origins), Lycium (Dragon Age II) e Frostbite (Dragon Age: Inquisition). Este último, criado pela DICE para ser a ferramenta de desenvolvimento dos jogos da série Battlefield, acabou se tornando a tecnologia padrão para a EA, mas ficou limitada à sua equipe interna, sendo, portanto, um desafio para profissionais terceirizados.
Ainda assim, a BioWare acreditava que seria possível superar os desafios técnicos e remasterizar Dragon Age com apoio externo. “‘Vamos criar ferramentas para a Frostbite, depois encontrar uma empresa de mods talentosa e pagá-la para refazer Dragon Age: Origins'”, considerou Darrah na época. “Houve muitas propostas para trazer este jogo de volta à era moderna. […] Acho que a Electronic Arts disse: ‘Sim, vá em frente, mas com o dinheiro que você já tem’. Mas ‘isso não é possível, porque já estamos usando esse dinheiro para fazer todos os nossos outros projetos'”, lembra o produtor.
Apesar de ter sido bem recebido pela crítica, Dragon Age: The Veilguard rapidamente despencou nas vendas devido ao boca a boca e as cenas de “lacração” que viralizaram na internet. Isso deixou a franquia Dragon Age em uma posição extremamente difícil, já que se acreditava amplamente que era a última chance da franquia devido ao tempo excessivo de desenvolvimento, às múltiplas reinicializações, à perda de pessoal e ao conflito aberto entre as equipes de Dragon Age e Mass Effect.
“Acho que Veilguard não é um jogo perfeito e tem muitos problemas, mas acho que sua recepção poderia ter sido amenizada se houvesse uma conversa mais transparente com os jogadores. […] De uma forma um tanto bizarra, as franquias Dragon Age e Mass Effect estão no mesmo estado hoje, ou seja, têm uma trilogia bastante bem recebida e um quarto jogo bastante mal recebido.” Estou curioso para ver o que farão com Mass Effect 5, como lidarão com Mass Effect Andromeda? Não sei”, pondera o ex-produtor.