A direção da CD Projekt Red, que criticou publicamente a prática das horas extras no ano passado, parece não ter conseguido manter a fachada de empresa virtuosa e está recorrendo à mesma prática na reta final da produção de Cyberpunk 2077.
De acordo com um e-mail interno, os proprietários do estúdio polonês não teriam outra escolha a não ser recorrer ao chamado “crunch” intensivo e obrigatório até o final do desenvolvimento para lançar o jogo na data estipulada.
A mudança na postura da empresa e a solução do “crunch” na reta final foi revelado pelo jornalista Jason Schreier, da Bloomberg, e em seguida confirmado pelo chefe do estúdio, Adam Badowski.
Pelo Twitter, Badowski reconheceu a existência do e-mail citado no artigo, bem como a diretriz que foi dada sobre as horas extras obrigatórias. Referindo-se a “uma das decisões mais difíceis que teve que tomar”, Badowski tentou amenizar seu peso, lembrando a importância do projeto, “no qual todos nós passamos tanto tempo”, um projeto “que importa profundamente para nós”, escreveu ele.
O diretor também especifica que “a maioria da equipe entende” esta decisão. E sem surpresa, ele lembra que cada hora a mais será devidamente compensada, de acordo com as leis trabalhistas da Polônia, e os funcionários também receberão 10% do lucro a ser redistribuído em 2020.
No momento, os desenvolvedores serão todos forçados a trabalhar 6 dias por semana até o lançamento do jogo, a fim de eliminar o máximo de bugs possível, enquanto o título passa no exame de certificação dos fabricantes, Sony e Microsoft. “A partir de hoje, todo o estúdio está avançando em um ritmo […] que inclui um dia de fim de semana além de seu horário normal de trabalho […] Eu carrego todas as consequências desta decisão. Sei que isso está em oposição direta ao que dissemos sobre o crunch. Também está em oposição direta ao que eu pessoalmente comecei a acreditar há algum tempo, que o crunch nunca deveria ser a resposta. Mas esgotamos todos os outros meios de responder à situação”, disse o chefe em sua mensagem aos empregados.
Para além das longas semanas que agora aguardam os desenvolvedores de Cyberpunk 2077, o jornalista da Bloomberg explica que alguns já trabalharam no ritmo de “noites e fins-de-semana” há mais de um ano. Esta seria uma cultura real na CD Projekt Red, como insiste Schreier, e existente desde o desenvolvimento de The Witcher 3.