O governo da Turquia anunciou que está banindo o jogo Roblox no país, a fim de “proteger as crianças”.
Num comunicado de imprensa publicado na noite de quarta-feira, o Ministro da Justiça turco, Yilmaz Tunç, anunciou que o banimento tem efeito imediato e a decisão visa combater “conteúdo que pode levar à exploração de crianças”. O governo turco não entrou em detalhes sobre o tipo de conteúdo que motivou a decisão, mas a plataforma de jogos é frequentemente confrontada com duas variantes desta acusação: o uso massivo de pequenos desenvolvedores para rentabilizar o seu conteúdo com métodos nem sempre éticos e a presença histórica de adultos mal intencionados que procuram vítimas no jogo, onde as crianças continuam a ser os principais clientes.
Segundo informações do jornal Türkiye Today, foram exatamente os riscos de abuso sexual que motivaram a decisão do Ministro da Justiça. O governo turco baseia esta decisão numa investigação do Ministério Público de Adana que determinou que as proteções implementadas pelos criadores de Roblox não foram suficientes para mitigar os problemas.
Uma reportagem recente da Bloomberg também pode ter ajudado a impulsionar essa decisão, trazendo de volta à tona acusações de negligência quase criminosa dos moderadores de Roblox.
Os responsáveis pelo jogo responderam ao banimento na Turquia em um comunicado, no qual alegam que a segurança dos usuários é primordial.
“Passamos quase 20 anos tornando o Roblox uma das plataformas online mais seguras para nossos usuários, especialmente os mais jovens, e garantir a segurança de nossos usuários é o cerne de tudo o que fazemos”, disse um porta-voz de Roblox ao site Eurogamer.
“Respeitamos as leis e regulamentações em países onde operamos e compartilhamos o compromisso dos legisladores locais com as crianças. Estamos ansiosos para trabalhar juntos para garantir que o Roblox esteja online novamente na Turquia o mais rápido possível”.
Por coincidência ou ação coordenada, a Turquia também baniu o Instagram na terça-feira, 2 de agosto, afetando 57,1 milhões de usuários. As autoridades turcas alegam que a rede social “não respeita a lei sobre os chamados crimes de ‘catálogo’ que vão desde o abuso de menores até ao uso de drogas”, apesar da Meta já ter eliminado 1.941 publicações a pedido das autoridades locais.
Outro ponto de discórdia são as acusações de censura após a exclusão de postagens no Instagram enaltecendo a figura de Ismail Haniyeh, líder político do Hamas assassinado em Teerã, em 31 de julho. O governo turco considera oficialmente o Hamas um “movimento de libertação” e alega que o Instagram pratica um tipo de “fascismo digital” ao banir fotografias de “mártires palestinos”.