Enfrentando a maior crise de sua história, após perder 85% de seu valor nos últimos cinco anos, a Ubisoft pretende dar a volta por cima enxugando custos e focando seu portfólio nos jogos de mundo aberto e de serviço ao vivo nos próximos anos.
Durante uma sessão de perguntas e respostas após uma apresentação de resultados financeiros, o CEO Yves Guillemot falou brevemente sobre as prioridades de desenvolvimento de jogos daqui para a frente.
Segundo o executivo, a Ubisoft pretende continuar investindo no estilo de jogo que lhe trouxe melhores resultados, sendo as aventuras de mundo aberto, como os jogos Assassin’s Creed e Far Cry, a aposta mais segura, mas sem abrir mão do mais arriscado modelo de jogos de serviço ao vivo, onde poucos se dão bem, mas a editora francesa pode se gabar de já ter obtido sucesso com títulos como Rainbow Six Siege e The Crew Motorfest.
“Temos investido significativamente em um grande pipeline de produtos para os próximos anos em nossos dois setores, [estes] sendo aventura de ação de mundo aberto, bem como experiências nativas de ‘Jogo como Serviço'”, disse Guillemot. “E é isso que queremos entregar ano após ano”.
“Como você sabe, estamos preparando um grande lançamento para Assassin’s Creed Shadows em um prazo muito curto. No ano que vem, teremos grandes planos que beneficiarão Rainbow Six em todas as plataformas. Isso está focando bem, e esse é um marco importante no plano bruto da empresa”.
“Anunciamos que Anno 117: Pax Romana também virá no ano que vem, assim como The Division: Resurgence no celular. Tudo isso está indo bem. Não fornecemos mais cores para o ano fiscal de 2026, mas teremos mais para compartilhar até maio e, como acabei de dizer, temos uma plataforma forte para os próximos anos nessas duas verticais”.
A Ubisoft diz que The Crew Motorfest, que entrou em seu segundo ano de novos conteúdos recentemente, “continua a superar significativamente” The Crew 2 em termos de retenção de jogadores e monetização.
Durante a apresentação, Guillemot também afirmou que a pré-venda de Assassin’s Creed Shadows estava boa e em linha com as de Assassin’s Creed Odyssey, que se tornou o segundo jogo de maior sucesso em termos de vendas unitárias.
A atual crise financeira na Ubisoft já obrigou a editora a lançar um programa de redução de custos, enquanto aguardava uma possível reestruturação mais profunda da empresa, que poderia envolver uma venda para a chinesa Tencent. Como parte da apresentação do faturamento do último trimestre de 2024, o CEO Yves Guillemot confirmou que essas medidas de reestruturação estão longe de serem concluídas.
Desde o início do programa de corte de custos, a editora fechou quatro estúdios de produção “em regiões de alto custo” (São Francisco, Osaka e Leamington) e reestruturou três outros locais. “Escolhas difíceis, mas necessárias”, segundo Guillemot, que hoje busca uma meta de redução de custos fixos em pelo menos 200 milhões de euros até março de 2025.
Nos próximos meses, a Ubisoft deve anunciar novas medidas de corte de custos que podem incluir demissões, cancelamentos de jogos (como XDefiant) ou até mesmo o fechamento de novos estúdios. Ao mesmo tempo, a Ubisoft considera uma solução mais radical para tentar se reerguer, sendo uma das opções em discussão a criação de uma nova joint venture entre a família Guillemot e a Tencent, que recuperaria parte dos ativos da Ubisoft (estúdios, franquias). No entanto, a apresentação dos resultados de ontem à noite não trouxe nenhuma informação nova sobre o assunto. “Como dito anteriormente, a Ubisoft informará o mercado de acordo com as regulamentações aplicáveis se e uma vez que uma transação se materialize”, comentou Guillemot.