Um email que pode ser comprometedor para os planos de aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft foi incluído na audiência do processo movido pela Federal Trade Commission (FTC) contra Microsoft. Nele, o chefe do Xbox Game Studios, Matt Booty, encoraja o CFO do Xbox a gastar bilhões de dólares com aquisições para forçar a saída da Sony do mercado de jogos.
“Nós (Microsoft) estamos em uma posição única para poder gastar até tirar a Sony fora do mercado”, escreveu Booty em um e-mail de dezembro de 2019, antes da empresa adquirir a Bethesda e fazer a proposta de compra da Activision Blizzard.
No entendimento do executivo, após as tentativas fracassadas do Google e da Amazon de competir no streaming de jogos, restaria apenas a Sony como empecilho a um monopólio da Microsoft neste segmento.
“É praticamente impossível para alguém iniciar um novo serviço de streaming de vídeo em grande escala neste momento”, concluiu Booty em seu e-mail.
“Em jogos, o Google está de 3 a 4 anos para conseguir ter um estúdio funcionando. A Amazon não demonstrou capacidade de executar o conteúdo do jogo. O conteúdo é o único fosso que temos, em termos de um catálogo que roda em dispositivos atuais e capacidade de criar novos. A Sony é realmente o único outro player que poderia competir com o Game Pass e temos uma vantagem de 2 anos e 10 milhões de inscritos”.
A Microsoft diz que o e-mail é antigo e que nunca seguiu a estratégia proposta por Booty.
“Este e-mail tem três anos e meio e antecede o anúncio de nossa aquisição em 25 meses”, disse David Cuddy, gerente geral de relações públicas da Microsoft, ao site The Verge. “Refere-se a tendências do setor que nunca buscamos e não está relacionado à aquisição”.
Desde então, a Microsoft comprou a Bethesda por US$ 7,5 bilhões e chegou a um acordo para comprar a Activision Blizzard por US$ 68,7 bilhões.
Os riscos de um possível monopólio da Microsoft na distribuição de jogos em nuvem foi justamente o motivo alegado pelos reguladores do Reino Unido para barrar a aprovação da compra da Activision Blizzard. Os Estados Unidos, que ainda julgará a questão, e o Reino Unido, onde a Microsoft está recorrendo da decisão, são os últimos empecilhos para a aprovação do negócio.